A dermatofitose é causada por fungos do género microsporum, trichophyton e epidermophyton. Existem casos bastante ligeiros de dermatofitose sem complicações, os quais costumam resolver-se de forma espontânea no espaço de meses. Porém, na maioria dos casos, e devido ao seu potencial zoonótico e para evitar complicações, recomenda-se o tratamento .

Dermatofitose: Tratamento tópico
De um modo geral, é necessário associar a terapia tópica com a terapia sistémica . Os tratamentos tópicos mais recomendados são o enilconazol, o sulfureto de enxofre e um champô de miconazol.
- Enilconazol: Deverá ser utilizado a 0,2% e é necessário evitar o lambido, devido ao facto de o seu uso nos gatos não se encontrar registado, e de ser hepatotóxico.
- Sulfureto de enxofre: Trata-se de um produto com uso registado para gatos, ainda que a sua aplicação se possa revelar complicada devido ao seu odor desagradável, tanto para o gato como para o seu dono.
- Champô de miconazol: Existem vários champôs que combinam clorexidina com miconazol, utilizáveis nos gatos que toleram o uso frequente (entre 2 a 3 banhos semanais).
O corte rente do pêlo do animal é um assunto que gera controvérsia, e não deverá ser cortado de forma cirúrgica, por forma a evitar que a pele fique irritada ou sofra lesões. Lesão alopécica na região metatarsiana dorsal de um gato com aproximadamente 1,5 meses de idade, recolhido na rua.
Dermatofitose: Tratamento sistémico
A terapia sistémica para a dermatofitose ataca os esporos no folículo do pêlo . Os tratamentos sistémicos mais comuns são o itraconazol e a terbinafina.
- Itraconazol: A dosagem é de 5 mg/kg/dia durante 3 períodos de 7 dias consecutivos, alternados com 7 dias de descanso entre cada um deles. É frequente serem necessários, no mínimo, três séries de 7 dias. Porém, no caso de resposta negativa ao tratamento o período poderá ser alargado. Será importante efetuar uma vigilância, através de análises, para detetar uma possível hepatotoxicidade. Princípio ativo registado para o seu uso em gatos.
- Terbinafina: Poderá ser útil em casos que sejam refratários ao tratamento. A dose é entre 10 e 30 mg/kg/24h.
Controlo do meio envolvente
Recomenda-se que os animais afetados sejam isolados , para evitar a propagação a outros animais, às pessoas e/ou ao ambiente (os autores referem nas suas publicações que o potencial zoonótico da doença é baixo, muito menor do que o que inicialmente se pensava ser). Para evitar a propagação da dermatofitose, poderá ser útil aspirar os pêlos e efetuar a desinfeção , com lixívia, dos objetos de higiene, de alimentação, dos brinquedos, etc. Também podemos aplicar no meio envolvente um spray de eniconazol. O controlo do meio envolvente em recintos de criação e refúgios de gatos poderá revelar-se uma tarefa bastante complicada, constituindo um autêntico desafio. Ocasionalmente, poderá ser necessário desinfetar tapetes, toalhas, cobertores e outros objetos do lar, bem como os estofos do automóvel.
Acompanhamento da doença
Devem efetuar-se culturas de acompanhamento , se possível. A primeira costuma ser realizada por volta das 2-3 semanas, e posteriormente a cada 4 semanas, utilizando a mesma técnica de recolha de amostras usada na primeira cultura. É frequente a cura clínica surgir antes da cura micológica. 2 semanas após se obter uma cultura negativa , o tratamento costuma ser alargado. Karen Moriello. FELINE DERMATOPHYTOSIS: Aspects pertinent to disease management in single and multiple cat situations. Journal of Feline Medicine and Surgery (2014) 16, 419–431.Karen Moriello. Resumen ponencia congreso mundial de dermatología Burdeos 2016Susan Paterson y Kimberly S. Coiner resumen de la ponencia congreso mundial dermatología Burdeos 2016Revisión del texto y cesión de fotos por el Dr. Pedro Javier Sancho (Clínica Veterinaria Drs. Sancho de Sant Boi de Llobregat)

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